Cantinho da Saúde: Rir é mesmo o melhor remédio

O local onde se enterram os nossos ente queridos, amigos, etc., é um local solene de grande importância para o comum cidadão, até porque será ali que terá sempre a possibilidade de prestar uma homenagem àqueles que partem.

A construção de cemitérios em Portugal é relativamente recente. Recorda-se o conflito da célebre “Maria da Fonte”, que engajava as mulheres dos vários concelhos e distritos minhotos para lutarem contra o facto de, segundo elas, as pessoas, ao serem enterradas fora da igreja, estavam a ser enterradas em solo não sagrado.

Colocando num patamar secundário as questões da religiosidade e crenças, deverá ser privilegiado o bem comum, através de uma boa política de saúde pública.

Os cemitérios foram sendo construídos um pouco por todo o país, a velocidade bastante diferentes, atendendo às condicionantes culturais do meio em que estavam a ser edificados.

No centro do concelho da Trofa, em S. Martinho de Bougado, a situação foi tudo menos pacífica, com várias mudanças de lugar, discussões acaloradas nas reuniões de executivo e parecia que um final positivo para toda aquela situação estaria longe de terminar.

No dia 7 de dezembro de 1896, daria entrada no Governo Civil o projeto para a construção do cemitério desenhado e planeado pelo agrimensor Fernando Pires de Lima, que era natural de Areias, no vizinho concelho de Santo Tirso.

Segundo é possível de perceber pela informação colocada no projeto, o mesmo tinha o seu projeto concretizado em 1891.

O Governador Civil da época, António de Oliveira Monteiro, daria apenas despacho positivo a 18 de março de 1897. Se concretizarmos uma conta rápida, facilmente percebemos que o projeto esteve aproximadamente seis anos em “banho maria”, demonstrando a dificuldade em concretizar investimentos públicos na Trofa… onde já vimos isto?

Uma distribuição pelo espaço de 512 sepulturas divididas em quatro grandes grupos com cerca de 128 cada, sendo a distribuição dos lugares realizada de forma tradicional, como em muitos outros equipamentos semelhantes, sendo que, ao fundo, ficavam os jazigos.

Uma situação que deve ser explorada é o facto de estas instalações já permitirem o enterramento de quem não era católico em sítio específico, algo incomum para a época, demonstrando o carácter particular deste equipamento.

A sociedade estava a mudar e a tolerância conseguia cada vez mais respeito entre todos.

No seu lugar existia uma bouça que pertencia a Domingos Dias de Couto, concretamente no lugar do Seixido(?).

O valor final da obra era de 779$, um custo elevado para a época, mas também se deve ter em atenção que as rubricas no orçamento eram elevadas, até mesmo do projetista que levou 12$00 por realizar este projeto.

A época em que os arquitetos ainda eram uma miragem e seriam durante bastante décadas, nos anos 40 o seu número era inferior às três dezenas.

As outras peças deste projeto perderam-se, poderiam constar nas mesmas as obras de diferentes ângulos e até mais informação descritiva.

Concretizando uma súmula do que aqui foi redigido, facilmente é percetível que a realização de investimentos na Trofa sempre foi uma “novela” com a agravante de ser uma daquelas “novelas” com muitos capítulos, ao nível das célebres novelas que vinham da América do Sul.


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