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Correio do leitor | Agregação da freguesia de Bougado – do erro manifesto ao crime anunciado
Escrevo este artigo no dia em que faço 68 anos. Tempo natalício e de advento de novo ano. Que deveria ser celebração e de paz urbi et orbi, também nossa terra, em Santiago de Bougado.
Lamentavelmente, há quem tenha escolhido justamente este tempo de alegria, introspeção e solidariedade, para perturbar a nossa paz espírito, obrigando-nos, por imperativo de consciência, a escrever estas linhas. Que não são de paz, mas de guerra. Não às pessoas, mas às ideias defendidas por alguém, que de tão absurdas e afrontosos para a nossa comunidade, ficar em silêncio, seria tornarmo-nos cúmplices, por omissão, de um crime anunciado, que está a ser preparado nas costas dos Bougadenses de Santiago.
Sejamos claros: a agregação de freguesias levado a cabo em 2013, que uniu as freguesias de Santiago de Bougado e São Martinho de Bougado, foi um erro manifesto. Levada a cabo em desrespeito absoluto pela vontade dos Bougadenses e dos seus órgãos autárquicos, criou uma freguesia que só por si representa mais de metade da população (55%) e 40% do território do concelho concelhio. E o erro é tão mais evidente se pensarmos que brevemente as Freguesias de Alvarelhos e Guidões, também irão recuperar a sua ancestral autonomia administrativa.
Um erro manifesto, também, porque Santiago de Bougado e São Martinho de Bougado são duas comunidades em tudo distintas. Facto indesmentível e por todos reconhecido. Ainda há dias o atual Presidente da Câmara Municipal, o Professor António Azevedo o afirmava na Assembleia Municipal. Alguém aqui tem a coragem de o negar? O Plano Diretor Municipal, recentemente aprovado, não traduz, à evidência, essas diferenças?
E quem como nós nasceu, vive e quer o melhor para a sua terra, que se orgulha da sua História e considera que o presente e o futuro de Santiago de Bougado é indissociável do seu passado, e que avalia a agregação como um erro manifesto, ouvir ler um pedido do Dr. Afonso Paixão, à Assembleia da União de Freguesias de Bougado, realizada no passado dia 26 de dezembro, para colocar na agenda da Assembleia a formalização da mudança do nome da Freguesia de Bougado para Freguesia da Trofa, não pode deixar de se sentir, no mínimo, perturbado na sua paz de espírito.
Temos para nós que tal proposta, para além de inoportuna, já que Afonso Paixão, cidadão da extinta Freguesia de São Martinho de Bougado, não é um cidadão qualquer, é de todo em todo para nós inaceitável, sendo mesmo uma afronta aos Bougadenses de Santiago de Bougado, particularmente àqueles que julgamos ser a larga maioria, têm orgulho na sua terra e desejam a restauração da sua Freguesia.
O Dr. Afonso Paixão, desempenhou, no passado, cargos políticos de elevada responsabilidade nos Municípios de Santo Tirso e Trofa. Naturalmente que não está limitado nos seus direitos cívicos e políticos, apesar de estar afastado das lides autárquicas. Mas sendo alguém com a importância e visibilidade que lhe é reconhecida, vir, nesta altura, em que sabe estar requerida a convocação de uma Assembleia de Freguesia por nove dos seus treze membros, cinco da coligação Unidos pela Trofa e quatro do Partido Socialista, justamente para discutir e votar uma proposta de desagregação das duas freguesias, proposta por eles já assinada é algo, manifestamente, que não se entende.
Apesar do silêncio com que tal proposta foi acolhida na referida Assembleia de Freguesia, estamos em crer que os Bougadenses de Santiago de Bougado não deixarão de lhe dar o destino que a referida proposta merece.
Pela nossa parte, jamais a aceitaremos, o que a acontecer, seria não só um erro manifesto, como o foi a agregação, mas também um crime manifesto. Contra os valores que moldaram a maneira de sentir e de estar dos Bougadenses de Santiago de Bougado. Tal a acontecer, mas que estamos em crer que os nossos conterrâneos o não permitirão, seria varrer definitivamente para o caixote do lixo da História as gloriosas páginas escritas com tanto amor, tanto sacrifício e tanto orgulho pelos nossos arquiavós, que fizeram de Santiago de Bougado o Bougado Grande, assim reconhecido em toda a região, como muito bem, reiteradamente, proclamava o saudoso Padre Armindo da Silva Gomes, Pároco de Santiago de Bougado. E quem não respeita o passado, não merece o futuro.
Que o ano que se avizinha traga a todos muita saúde, paz e justiça para a Freguesia milenar de Santiago de Bougado.
Santiago de Bougado,
29 de dezembro de 2024
Manuel Rodrigues da Silva- Leia a notícia em www.onoticiasdatrofa.pt
http://dlvr.it/THCFM2
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