Linha do Equilíbrio | Com os avós por perto há colo e mimo garantidos!

Chegaram as merecidas férias escolares! E, com elas, o “desespero” de alguns pais para encontrarem soluções para ocuparem os tempos livres dos filhos. Com as alterações socioeconómicas e a necessidade de os pais trabalharem, em jornadas de trabalho, por vezes, extensas e exigentes, os avós surgem como figuras de suporte fundamentais.

Assim, os avós assumem um papel mais ativo, com novas funções que passam desde os cuidados básicos até à transmissão de valores, sendo basilares na construção da identidade e do equilíbrio emocional dos seus netos. Esta presença na vida das crianças é, muitas vezes, um “alívio” para os pais e uma oportunidade única de relacionamento entre avós, pais e netos, sendo esta relação intergeracional vantajosa, em que se geram influências recíprocas.

Na perspetiva dos netos, a casa dos avós é um espaço privilegiado para a criação e vivência de relações de cumplicidade, de amizade, de afeto e de brincadeira onde, normalmente, as regras de comportamento tendem a ser mais flexíveis, menos controladoras e, talvez, “menos disciplinadoras”. Os avós funcionam como pontes entre gerações, mais disponíveis, com a função de transmissão simbólica, como contadores de histórias e de tradições, favorecendo o sentido de pertença, ajudando no desenvolvimento de sentimentos de confiança e de segurança. Para além destes fatores, os estudos sugerem que as crianças que beneficiam do apoio dos avós, como cuidadores, são mais concentradas, calmas e relacionam-se, de forma mais satisfatória, com os outros.

Os contactos frequentes com os netos também trazem ganhos para os avós, sendo que esta convivência contribui para a prevenção da depressão, diminuindo o isolamento e o declínio cognitivo associado ao envelhecimento, pelo aumento da estimulação cognitiva, como também promove o sentimento de utilidade, além de os netos serem uma fonte de prazer. Nesta fase da vida, muitos, dizem ter agora o tempo que não conseguiram ter para os filhos! Paralelamente, os avós funcionam como mediadores emocionais em situações de crise familiar, oferecendo um ponto de equilíbrio e de continuidade da normalidade.

Para os pais, os avós representam um apoio, seja por motivos profissionais, seja pela necessidade de ajuda na libertação de tempo para o casal. Este suporte fortalece os laços familiares e a comunicação, assim como ajuda na diminuição do stress parental, contribuindo para uma melhor gestão da saúde mental dos pais, tornando o desafio de cuidar um pouco mais leve.

Embora este apoio possa ser benéfico para todos os intervenientes, é importante reconhecer alguns riscos na possível sobrecarga emocional e física, em especial quando há inversão de papeis no ato de cuidar, ou seja, os avós assumirem o papel de pais. Alguns estudos, alertam para os impactos de stress, fadiga e de cansaço crónico nos avós cuidadores, por não serem respeitadas as suas limitações em função das exigências familiares. Outro ponto a refletir sobre os limites desta participação é a garantia que esta ocorre de forma voluntária, saudável e alinhada com as condições dos avós, especialmente quando há uma expectativa implícita de que estejam sempre disponíveis.

As férias escolares representam um período de grande conexão familiar, especialmente entre avós e netos. Quando esta convivência é equilibrada, respeitosa e bem planeada, será benéfico para todas as partes envolvidas: os netos ganham o cuidado e a presença dos avós, os pais o apoio e os avós o significado de utilidade e sentimentos de vitalidade. Do ponto de vista psicológico, esta relação traduz-se para além do apoio prático, pois representa um elo essencial entre gerações, com trocas de afeto, estabilidade e sabedoria, em que se aprende a valorizar o papel da terceira idade na sociedade, promovendo-se um envelhecimento mais ativo, afetivo e respeitado, verificando-se que com os avós por perto há mimo e colo garantidos!

Parabéns a tod@s os Avós! Artigo para ler em www.onoticiasdatrofa.pt
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