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Linha do Equilíbrio | Vida em suspenso – E agora?

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Há acontecimentos na vida que marcam significativamente a nossa existência, uns de forma positiva e outros de forma negativa. Um exemplo dos negativos poderá ser o recebimento de um diagnóstico de uma doença, pois desencadeia uma complexidade de emoções que provocam um grande impacto. De entre eles, ainda mais doloroso, quando diz respeito a um filho, com uma doença súbita e/ou crónica, dado que assume um poder silencioso e implacável.

É como se o tempo parasse, não para refletir, mas para reconfigurar tudo o que antes parecia sólido e previsível, transformando-se num dos momentos mais sensíveis da experiência da parentalidade.

A mente dos pais, que normalmente oscila nas “banais” preocupações do dia-a-dia, é abruptamente catapultada para um estado de vigília permanente. Perguntas surgem em flecha: “E agora?”; “Por quê o nosso filho?”; “Por quê a nós?”; “Como será o futuro?”. Poucas experiências humanas são tão visceralmente impactantes quanto “sentir um diagnóstico” de uma condição de saúde para um filho.

Viver com um filho que enfrenta uma condição de saúde, é viver num estado de luto simbólico, não necessariamente por uma morte, mas pela perda do ideal, do filho “saudável” que se imaginava, dos planos feitos no silêncio da espera, durante a gravidez.

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Após o choque inicial, os pais precisam de descobrir um sentido para a nova realidade, com enfoque numa competência muito importante, a resiliência, que ajuda a reduzir o medo do desconhecido. É comum que os pais possam sentir culpa, tristeza, raiva ou até vergonha, sentimentos que nem sempre têm espaço para serem ditos em voz alta, pois a sociedade tende a romantizar a parentalidade em sofrimento: pais heroicos, mães incansáveis ou guerreiras.

Porém, por de trás dessa narrativa idealizada, há pessoas exaustas, que muitas vezes não conseguem reconhecer as suas próprias emoções, levando algumas vezes à procura do isolamento e afastamento social.

O afastamento social é, assim, uma reação normal por vários motivos: seja por proteção; por serem incompreendidos nas suas rotinas; por medo de julgamentos e comparações; ou simplesmente por terem dificuldade em lidar com as perguntas e comentários. Embora este afastamento seja compreensível, poderá aumentar estados depressivo, de ansiedade e os sentimentos de solidão, no fundo um agravar do problema.

E a criança? A criança percebe muito mais do que os adultos imaginam. O modo como os adultos à sua volta lidam com a situação torna-se um refletor que a criança capta pela sua astúcia. Em crianças pequenas, mesmo sem entenderem o que é uma condição de saúde, sentem na mente a tensão do ambiente, enquanto as crianças maiores tendem a proteger os pais, escondendo dores ou fingindo bem-estar. Todo este cenário acarreta um desgaste emocional, permanente, entre todos os que vivem e convivem com esta realidade.

Importa, então, falar do autocuidado. Um conceito que pode ser compreendido por alguns como egoísmo, mas que é essencial para os pais. Cuidar de um filho com uma condição de saúde débil exige uma reserva emocional que só é sustentável se houver espaço para o descanso, o desabafo e até para o prazer. Esta ambivalência, de ter de cuidar e cuidar-se, pode levar ao aumento do sofrimento dos pais, pela dificuldade em delegar ou por sentirem “medo” de não aguentarem, sendo importante que os pais percebam que retomar as atividades sociais, não é uma obrigação, mas um ato de sobrevivência, de vivência e de cuidarem de si. Ter um filho com uma condição de saúde comprometida muda para sempre os pais, as suas relações e a vida dos filhos e dos que lhes são mais próximos, havendo, no entanto, uma oportunidade para escrever uma história diferente, com muita proximidade, luta, superação e esperança – o diagnóstico, não é o fim de um sonho. Artigo para ler em www.onoticiasdatrofa.pt
http://dlvr.it/TLXznT

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