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PLA: Quando o Português se torna a ponte para o recomeço (com vídeo)
Para quem chega de longe, o som das palavras em português pode parecer um enigma, um novo mundo a desvendar. Mas na Escola Secundária da Trofa, esse desafio torna-se uma oportunidade. Sessenta adultos estrangeiros, vindos de países tão diversos como a Índia, Ucrânia ou Argentina, encontram na língua portuguesa um caminho para a integração e para a esperança de um futuro melhor.
O programa Português Língua de Acolhimento (PLA) tem sido o alicerce desta travessia. “O curso PLA é direcionado para formandos estrangeiros, adultos, que procuram adquirir competências na Língua Portuguesa”, explica Dinora Teixeira, técnica de RVCC do Centro Qualifica da Trofa. Os participantes chegam de várias partes do mundo, carregando histórias, sonhos e, muitas vezes, medos. Mas na Trofa, encontram um lugar que os acolhe e lhes oferece as ferramentas para seguir em frente.
Manuel Ferreira, professor de Português, é um dos guias desta jornada linguística e cultural. “Nestas aulas, são abordados essencialmente os aspetos culturais e linguísticos do português, porque eles, no fim da formação, têm de compreender não só a língua, mas também a cultura portuguesa”, partilha. A troca cultural torna-se parte integral do processo. Festividades, tradições e diferenças entre os países de origem dos alunos e Portugal surgem nas conversas, promovendo uma aprendizagem que vai além das palavras.
Entre os muitos que se sentam nas salas de aula, está Silvia Brochero, uma imigrante oriunda da Argentina. Funcionária de um banco no seu país, Silvia encontrou em Portugal mais do que uma oportunidade de trabalho; encontrou paz. “Aqui encontrei segurança. Vou a pé a todo o lado, a qualquer horário, é tranquilo”, testemunha. Apesar de ter “começado do zero”, em empregos de limpeza, Silvia olha para o futuro com esperança. “Estou a estudar para abrir a minha própria loja de manicura”, revela com um sorriso, mostrando a resiliência que a tem guiado.
Para outros, como Vasyl Hordiichuk, vindo da Ucrânia, o português ainda é um desafio. “Não é muito fácil, mas também não muito difícil”, admite, com o sotaque de quem já começou a moldar as palavras no novo idioma. Trabalha como serralheiro, e aprender a língua é essencial para o seu dia a dia. “Trabalho só com portugueses e tenho de aprender para falar melhor”.
A diversidade dos alunos vai além das suas origens. Manuel Ferreira destaca que, nas suas turmas, os níveis de formação variam imensamente. “Uns têm uma formação muito incipiente, ao nível da escola primária, e outros vêm com formação superior, alguns até doutorados. Os anseios que eles têm são diferentes”, observa. Esta diferença de formação desafia a capacidade do professor de adaptar as suas aulas, recorrendo muitas vezes à ajuda de colegas da mesma nacionalidade dos alunos para explicar conceitos mais complexos.
Apesar das dificuldades, aprender português é muito mais do que um requisito para a legalização no país. Para muitos, é uma forma de conquistar uma nova vida, de se integrarem plenamente na sociedade portuguesa. “A maioria dos formandos está integrada no mercado de trabalho, e procuram o curso também para poderem obter o título de residência permanente”, explica Dinora Teixeira.
Mas, enquanto os adultos aprendem e se adaptam, também o ensino regular sente os ventos da imigração. Vítor Martins, presidente da Comissão Administrativa Provisória do Agrupamento de Escolas da Trofa, destaca que, dos 2500 alunos do agrupamento, 350 são estrangeiros, muitos dos quais têm o português como língua não materna. “Infelizmente, não conseguimos criar turmas específicas, por requisitos legais, o que faz com que estes alunos tenham acompanhamento individual para superar as suas dificuldades, em paralelo com as aulas de Português”, afirma. A diversidade cultural e linguística é cada vez mais visível, especialmente com a chegada de alunos ucranianos e indianos.
A cada aula, o português deixa de ser uma barreira e transforma-se numa ponte, ligando culturas e realidades diferentes. Na Escola Secundária da Trofa, o idioma é muito mais do que uma ferramenta de comunicação. É um passaporte para a inclusão, uma chave para novas oportunidades e um símbolo de resiliência. Aqui, os imigrantes não aprendem apenas a falar uma nova língua, mas a desenhar novos começos, passo a passo, palavra a palavra.Leia a notícia em www.onoticiasdatrofa.pt
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